Descubra como é o perfil de caminhoneiro no Brasil e as suas características

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Após a greve dos caminhoneiros em 2018, ficou clara, para o Brasil e para o mundo, a importância que o transporte de carga rodoviária tem para a economia. No entanto, a vida que esses profissionais levam continua sendo negligenciada pela maioria das autoridades governamentais. Então, a solução para lidar com os desafios diários e com as transformações no mercado foi ajustar o perfil de caminhoneiro à nova realidade.

Apesar de muitos desses profissionais amarem o que fazem, a rotina do caminhoneiro permanece não sendo fácil. A fim de esclarecer melhor para você como os desafios nas estradas influenciam (e muito) a vida dos amantes desse universo, preparamos este artigo com informações muito interessantes sobre o assunto. Continue a leitura para saber mais!

Quais são os desafios enfrentados pelos caminhoneiros?

Quem vive fora das estradas sempre teve uma ideia romantizada da vida de caminhoneiro, não é mesmo? Afinal de contas, quem nunca imaginou o quão incrível deve ser poder viajar por todo o país, conhecer culturas e pessoas novas e fazer o próprio horário? Apesar de parte disso ser uma verdade, na prática, as coisas acontecem de modo um pouco diferente.

Na década de 1970, muitos homens, movidos pela expectativa de ter uma vida promissora nas estradas, deixaram os estudos de lado e se dedicaram a essa profissão. No entanto, determinados fatores, como a dura realidade das estradas, as mudanças no mercado e a inclusão de recursos tecnológicos no transporte rodoviário de carga, fizeram com que muitos deixassem a profissão ou seguissem disputando por fretes.

Obviamente, quem optou por permanecer no segmento precisou se adaptar à nova realidade. Isso significa que quem não havia terminado os estudos teve que terminar e permanecer buscando formas de continuar se especializando para se manter competitivo no mercado. Quanto àqueles que não tinham familiaridade com a tecnologia, houve a necessidade de se habituar à inclusão dos novos recursos. 

Outro fator ao qual eles precisaram se adaptar diz respeito aos desafios vivenciados nas estradas. Abaixo, elencamos alguns exemplos.

O alto índice de roubos e furtos de carga

Devido ao policiamento precário em determinados trechos das estradas, o cenário se torna perfeito para a ação de bandidos. Nesse caso, o melhor a se fazer é adquirir um seguro veicular e manter a carga segurada.

A infraestrutura de baixa qualidade

Por causa das más condições das rodovias, o custo com o transporte aumenta e os riscos de acidentes também. E, infelizmente, a maior parte das estradas rodoviárias tem uma infraestrutura de baixa qualidade. Para aliviarem os impactos disso, as empresas de transporte e os caminhoneiros autônomos precisam planejar bem as suas rotas.

O preço elevado do combustível

Esse fator prejudica o caminheiro a alcançar a sua margem de lucro com os fretes. Então, para conseguir diminuir o prejuízo, é aconselhável manter as manutenções do veículo em dia, viajar com os pneus na calibragem correta e evitar acelerações e freadas bruscas que forçam o motor.

Os longos períodos longe de casa

Geralmente, um caminhoneiro costuma ficar semanas longe de casa. Muitas das vezes, a falta de oferta faz com que esses profissionais viajem para longe a fim de conseguir fretes. Logo, o tempo que ficam nas estradas não pode ser visto como uma escolha, mas, sim, como uma necessidade. Além disso, a maioria desses profissionais trabalha, em média, 11 horas por dia durante 5 a 7 dias por semana, totalizando uma média de 9 mil quilômetros por mês.

A baixa qualidade de vida

Dificilmente, os caminhoneiros conseguem manter uma alimentação balanceada e noites de sono regulares, além de passarem parte do dia sentados. Tudo isso prejudica a qualidade de vida e afeta a saúde desses profissionais.

A falta de pontos de parada

Além das más condições das estradas, os caminhoneiros precisam lidar com a escassez de pontos de parada que permitem que eles descansem em segurança e que façam as suas refeições com tranquilidade. Muitas das vezes, os locais que encontram são despreparados, com banheiros e refeitórios em péssimas condições de uso.

Os gastos elevados com o caminhão

Quem possui um veículo de grande porte sabe que os custos para mantê-lo sempre em bom funcionamento são altos. Afinal de contas, há gastos com impostos e licenciamento, manutenções periódicas, seguro veicular e depreciação.

A desvalorização e o assédio nas estradas

Embora a profissão de caminheiro seja majoritariamente masculina, as mulheres têm se mostrado capazes de desempenhar esse papel tão bem quanto os homens. No entanto, para elas, os desafios se mostram ainda maiores, pois, além de enfrentarem as mesmas dificuldades que os colegas, elas precisam lidar com o preconceito, a desvalorização e o assédio que, infelizmente, ainda são muito comuns nesse meio. 

Qual é o perfil do caminhoneiro, hoje, no Brasil?

Tendo em vista que as novas exigências do mercado, a dura realidade das estradas e a inclusão da tecnologia serviram para mudar o perfil do caminheiro, certamente, você deve estar curioso para saber qual é o retrato desse profissional hoje. Segundo uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Transporte – CNT, o caminhoneiro atual corresponde ao seguinte perfil:

  • 67% são caminhoneiros autônomos e apenas 33% têm parceria com transportadoras;
  • a média de idade é de 46 anos entre os caminhoneiros autônomos e de 41 anos para empregados de frota;
  • 99,5% dos caminhoneiros são homens;
  • 29,9% dos caminhoneiros concluíram o ensino médio. Enquanto 17,8% não completaram o ensino médio e 20,5% não concluíram o ensino fundamental;
  • entre toda a categoria, foi informada uma média de faturamento mensal bruto de R$ 16.062,90. Já de faturamento mensal líquido, a média foi de R$ 4.608,35;
  • 84,45% dos caminhoneiros disseram ter apenas um caminhão;
  • a idade média do veículo é de 18,4 anos para os caminhoneiros autônomos e 8,6 para os empregados de frota;
  • 31% dos caminhoneiros entrevistados consideram o ofício desgastante;
  • 65,1% dos caminhoneiros consideram a profissão desgastante.

Como a pandemia influenciou a rotina dos caminhoneiros?

Atualmente, diversos segmentos pararam as suas atividades ou tiveram que se adaptar às condições impostas por conta da pandemia provocada pela Covid-19. Devido ao fácil contágio do vírus, o Ministério da Saúde decretou o isolamento e o distanciamento social, com a utilização de álcool em gel e máscara constantemente.

Sendo assim, os caminhoneiros que permaneceram na estrada tiveram que se adaptar às novas condições. Nesse caso, surgiram novos desafios, como a busca por lugares para dormir, comer e tomar banho. Por conta da pandemia, muitos desses estabelecimentos fecharam e os que se mantiveram abertos não ofereciam boas condições de uso e nem mesmo uma higiene adequada, sem contar que os preços da alimentação dobraram.

Para lidarem com essa nova realidade, muitos caminhoneiros têm dado preferência por parar apenas em lugares conhecidos para descansar e tomar banho. Quanto à alimentação, alguns buscaram formas de preparar as suas refeições no próprio caminhão como uma maneira de fugir dos preços altos e evitar o contato com outras pessoas. Além disso, os cuidados com a higienização do veículo também foram inseridos na rotina desses profissionais.

Portanto, percebemos que a realidade da profissão tem moldado o perfil de caminhoneiro. Apesar de esses profissionais enfrentarem diversas dificuldades, muitos seguem firmes nas estradas. Isso porque, mesmo não sendo fácil, ser caminhoneiro ainda proporciona a liberdade que muitos motoristas apreciam, entre outros prazeres que só quem vive nas estradas sente.

Gostou do artigo e quer saber mais sobre o assunto? Então, confira as nossas dicas para você ter mais qualidade de vida na estrada.

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